terça-feira, janeiro 29, 2008

American Gangster (Ridley Scott, 2007)


Parece que nossos amiguinhos em Hollywood andaram descobrindo finalmente os filmes "clássicos" de Alan J. Pakula, John Frankenheimer e Sidney Lumet realizados na primeira metade dos Anos 70, com o bas-fond de Nova York como cenário.

Só isso explica a atual profusão de novas produções situadas na cidade e ambientadas naquela época.

Eu já tinha gostado bastante de "We Own The Night", e agora confesso que fiquei impressionado com "American Gangster", mesmo não gostando do tipo de cinema praticado por Ridley Scott. Ele é o diretor pós-moderno por excelência. Conseguiu desenvolver uma maneira estilosa de não ter um estilo definido. O que ele pretende com isso em termos artísticos eu ainda hei de descobrir um dia.

Mas, de qualquer maneira, é inegável que seu jeito de filmar possui uma leveza que sempre beneficia os roteiros de seus filmes, que, por pior que sejam, sempre encontram nele um porto seguro. No caso específico do roteiro de "American Gangster", escrito por Steve Zaillan, o resultado é extremamente eficaz. Quase notável. Mais um pouco, e passaria por um filme de Sidney Lumet.

Denzel Washington está muito bem em seu personagem. Consegue ser um gelo, e ao mesmo tempo demonstrar uma carência desconcertante. Vez ou outra, dá até pra esquecer que ele é um assassino brutal e um ser humano desprezível. Bons atores conseguem despertar emoções dúbias assim. E Denzel não só é um bom ator, como consegue ser tão nobre e cool quanto Sidney Poiter. Essa herança é só dele, de mais ninguém.

Já Russell Crowe não convence, nem compromete. É muito fraquinho. Por algum motivo -- Curtis Hanson, talvez --, conseguiu um rendimento excepcional em "Los Angeles, Cidade Probida", mas vários anos se passaram desde então e ele nunca mais repetiu o feito, portanto...

"American Gangster" só tem um defeito: se auto-explica demais, sem a menor necessidade. Tudo bem, sei isso facilita o acesso de grande público à compreensão da história, mas, por outro lado, prejudica e muito os atores coadjuvantes, que nunca conseguem espaço suficiente para conseguir tirar seus personagens da zona nebulosa da "quase figuração".

Tudo é focado demais nos personagens de Denzel Washington e Russell Crowe. O tempo todo. Podia ser diferente. Se fosse, certamente seria ainda melhor.

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