por Chico Marques
para BLACK AND WHITE IN COLOUR
Vladimir Putin pode estar sendo uma desgraça para o Mundo Livre, mas ao menos para uma coisa seu reinado de terror serve bem: consolidar a volta à moda da boa e velha Guerra Fria dos Anos 60.
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Vladimir Putin pode estar sendo uma desgraça para o Mundo Livre, mas ao menos para uma coisa seu reinado de terror serve bem: consolidar a volta à moda da boa e velha Guerra Fria dos Anos 60.
Se não fosse por Putin, James Bond dificilmente teria sobrevivido à falência da MGM, e jamais teríamos tido Sam Mendes tomando em mãos a direção da série no fantástico "Skyfall" e no aguardadíssimo "Spectre", que estréia em Novembro nos cinemas.
Se não fosse por Putin, "Missão Impossível" provavelmente teria encerrado sua carreira como uma trilogia nove anos atrás, e agora não estaria lotando salas de cinema com seu quinto filme, onde o insosso Tom Cruise se eterniza no papel do agente Ethan Hunt.
E, se não fosse por Putin, jamais alguém se empenharia em resgatar essa grande série de espionagem da TV americana produzida na década de 60, onde os agentes secretos Napoleon Solo (da CIA) e Ilya Kuryakin (da KGB) lutavam contra a BRASH, uma Organização Internacional interessada em derrubar tanto os Estados Unidos quanto a então União Soviética, para estabelecer o caos na frágil Paz Mundial.
Napoleon Solo (na série, interpretado por Robert Vaughn) era galante, mulherengo e refinado, dono de um senso de humor extremamente mordaz, e que fazia uso de violência apenas quando estritamente necessário. Já o charme de Ilya Kuryakin (na série, interpretado por David McCallum) estava em seu jeitão circunspecto, que às vezes surpreendia com atitudes impulsivas, revelando-se mais violento e ameaçador do que Solo.
Napoleon Solo (na série, interpretado por Robert Vaughn) era galante, mulherengo e refinado, dono de um senso de humor extremamente mordaz, e que fazia uso de violência apenas quando estritamente necessário. Já o charme de Ilya Kuryakin (na série, interpretado por David McCallum) estava em seu jeitão circunspecto, que às vezes surpreendia com atitudes impulsivas, revelando-se mais violento e ameaçador do que Solo.
Pois bem: Guy Ritchie se encarregou de trazer "O Agente da UNCLE" para o cinema, e, ao invés de transferir a trama para o Mapa Geopolítico Atual -- como fizeram em "Missão Impossível" --, optou por manter a ação em 1963, no auge da Guerra Fria. E, como era de se esperar, incorporou ao roteiro do filme sua estética "graphic-novel", suas idiossincrasias estéticas de estimação e toda aquela movimentação truculenta que caracterizou seus primeiros e mais cultuados filmes.
A trama de "O Agente da U.N.C.L.E." é a seguinte: Napoleon Solo (Henry Cavill, o atual Superman) é um agente da CIA craque em arrombamentos que tem um passado como ladrão de jóias, e Ilya Kuryalin (Armie Hammer) um agente da KGB extremamente ortodoxo e pouco maleável. Os dois se trombam em Berlin Oriental, quando Solo é incumbido de levar uma mecânica chamada Gaby Teller (Alicia Vikander) para Berlim Ocidental, na esperança que ela revele informações sobre seu pai, Udo Teller (Christian Berkel), um cientista que participou da criação das bombas atômicas americanas na Segunda Guerra Mundial, e que desapareceu misteriosamente.
Mas Gaby não tem informação alguma. Quem certamente tem informações é seu tio Rudi (Sylvester Groth), que, por sua vez, trabalha com Alexander (Luca Calvani) e Victoria Vinciguerra (Elizabeth Debicki), casal que faz parte de uma organização criminosa internacional ligada a antigos nazistas que pretendem ter acesso à tecnologia nuclear.
Na fuga para Berlin Ocidental, Napoleon Solo e Gaby Teller são perseguidos incansavelmente por Ilya Kuryakin em cenas de ação espetacular, só que sem sucesso. E então, quando Kuryakin tem que se relatar a seu superior imediato Sanders (Jared Harris), não só não é repreendido como ainda recebe uma nova missão onde terá que trabalhar justamente ao lado de Solo e Gaby. É quando os dois ficam sabendo que CIA e KGB se uniram para combater um inimigo comum.
Tudo isso acontece nos primeiros 15 minutos do filme. O que surge na tela nos 90 minutos seguintes do filme é absolutamente eletrizante. Desnecessário dizer que a relação entre Solo e Kuryalin não vai ser nada fácil, tomando rumos surpreendentes enquanto eles pulam de país em país. Claro que não sem antes derramar charme e elegância por onde passam.
Como estamos num filme de Guy Ritchie, violência e bom humor sempre andam juntos, combinando de maneira inusitada e divertida. Impossível não rachar de rir com o deboche de Solo com a falta de conhecimento de Kuryakin sobre moda, enquanto os dois esperam por Gaby escolher roupas numa loja. Só mesmo num filme de Guy Ritchie dois agentes mortais como eles trocam impressões sobre... moda.
Quanto ao elenco, as escolhas não poderiam ter sido melhores. Depois de terem cogitado contratar George Clooney e Brad Pitt para os papéis principais, optaram por atores mais jovens e bem menos conhecidos. Deu certo. Tanto Henry Cavill quanto Armie Hammer estão muito bem como como Napoleon Solo e Ilya Kuryakin. Os dois foram orientados por Guy Ritchie para não se espelharem demais em Robert Vaughn e David McCallum, para assim poderem montar seus personagens livremente, tornando-os assim mais frios e perigosos.
Alicia Vikander e Elizabeth Debicki fazem de Gaby e Victoria "femme fatales" típicas dos filmes de Guy Richie. Os figurinos das duas parecem ter fugido de filmes clássicos de espionagem dos Anos 60. A indiferença de Gaby diante de toda aquela intriga internacional complicadíssima é muito engraçada. Já a sensualidade mortal de Victoria às vezes assusta, de tão contundente.
E tem ainda Hugh Grant como Waverly, um agente secreto britânico que é uma espécie de emissário tanto da CIA quanto da KGB, e que aparece muito pouco no filme. Mas sempre que ele entra em cena, provoca uma reviravolta na trama.
Quem era fã da série original dos Anos 60 com certeza vai gostar do filme, pois ao mesmo tempo em que o filme tenta não ser reverente à série clássica, também não é desrespeitoso com ela -- ao contrário do que acontece frequentemente com "Missão Impossível" produzida por Tom Cruise.
De resto, gostar ou não de "O Agente da U.N.C.L.E." se resume basicamente em gostar ou não dos filmes de Guy Ritchie. Tem quem goste, e tem quem odeie. Eu pessoalmente, acho Guy Ritchie brilhante. E não me parece exagero algum afirmar que talvez seja o seu melhor trabalho até agora. Estamos diante de um triunfo artístico de proporções impressionantes.
E, cá entre nós, de todas as trilhas sonoras excêntricas que Ritchie já escolheu para seus filmes, a de "O Agente da U.N.C.L.E." é, sem dúvida, a mais pitoresca de todas.
Filmaço. Divirtam-se.
Alicia Vikander e Elizabeth Debicki fazem de Gaby e Victoria "femme fatales" típicas dos filmes de Guy Richie. Os figurinos das duas parecem ter fugido de filmes clássicos de espionagem dos Anos 60. A indiferença de Gaby diante de toda aquela intriga internacional complicadíssima é muito engraçada. Já a sensualidade mortal de Victoria às vezes assusta, de tão contundente.
E tem ainda Hugh Grant como Waverly, um agente secreto britânico que é uma espécie de emissário tanto da CIA quanto da KGB, e que aparece muito pouco no filme. Mas sempre que ele entra em cena, provoca uma reviravolta na trama.
Quem era fã da série original dos Anos 60 com certeza vai gostar do filme, pois ao mesmo tempo em que o filme tenta não ser reverente à série clássica, também não é desrespeitoso com ela -- ao contrário do que acontece frequentemente com "Missão Impossível" produzida por Tom Cruise.
De resto, gostar ou não de "O Agente da U.N.C.L.E." se resume basicamente em gostar ou não dos filmes de Guy Ritchie. Tem quem goste, e tem quem odeie. Eu pessoalmente, acho Guy Ritchie brilhante. E não me parece exagero algum afirmar que talvez seja o seu melhor trabalho até agora. Estamos diante de um triunfo artístico de proporções impressionantes.
E, cá entre nós, de todas as trilhas sonoras excêntricas que Ritchie já escolheu para seus filmes, a de "O Agente da U.N.C.L.E." é, sem dúvida, a mais pitoresca de todas.
Filmaço. Divirtam-se.
O AGENTE DA U.N.C.L.E.
THE MAN FROM U.N.C.L.E.
(2015 - 116 minutos)
Direção
Guy Ritchie
Roteiro
Guy Ritchie
Lionel Wigram
Elenco
Alicia Vikander
Armie Hammer
Ben Wright
Christian Berkel
Christopher Sciueref
Claudia Newman
Daniel Westwood
David Beckham
David Menkin
Elizabeth Debicki
Francesco De Vito
Gabriel Farnese
Graham Curry
Guy Potter
Henry Cavill
Hugh Grant
Jared Harris
Jefferson King
Joana Metrass
Jonathan Nadav
Jorge Leon Martinez
Julian Michael Deuster
Luca Calvani
Luca Della Valle
Misha Kuznetsov
Nicon Caraman
Philip Howard
Simona Caparrini
Susan Gillias
Vivien Bridson
em cartaz no Roxy 5,
no Roxy Iporanga 4,
no Roxy Brisamar Shopping,
no Roxy Parque Anilinas,
no Cinemark Praiamar Shopping
e no Cinespaço Shopping Miramar
em cartaz no Roxy 5,
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