terça-feira, novembro 03, 2009

"Vigaristas - The Brothers Bloom" (de Rian Johnson) 2009



Tudo o que envolve esta adorável comédia é altamente duvidoso. E também encantador.

Penélope, a personagem de Rachel Weisz em "The Brothers Bloom", é a herdeira de uma enorme fortuna que mora sozinha em um castelo em New Jersey (???!!!). Ela possui a estranha habilidade de ler livros sobre assuntos específicos e rapidamente dominá-los por completo. No entanto, vive reclusa em seu castelo, e, sempre que sai de casa, bate sua Lamborghini contra tudo o que vê pela frente, isso quando não se acidenta sozinha. Envolve-se num golpe extremamente arriscado, e percebe pela primeira vez na vida que existe uma diferença gigantesca entre o que está habituada a absorver dos livros e o "Teatro da Vida" da qual finalmente decidiu fazer parte. Sente medo a princípio. Mas vai em frente.

Bloom, o personagem de Adrien Brody, sente-se totalmente irrealizado, apesar de ser um farsante bem sucedido. Acha que passou a vida inteira prisioneiro dos tipos que seu irmão Stephen criou para ele em seus planos para golpes perfeitos. Decide então que não quer mais participar dos golpes do irmão, e foge para Montenegro, para tentar colocar as idéias em ordem e tentar viver uma vida com um roteiro próprio. Acaba deprimido e sem rumo. Descobre que, na verdade, nunca foi exatamente prisioneiro dos tipos criados pelo irmão. Apenas, não teve competência para redigir um roteiro decente para sua vida.

E tem ainda Mark Ruffalo, que faz Stephen, o irmão diabólico e genial de Bloom, um fanfarrão que vive de elaborar roteiros para golpes milionários, e sempre insiste na tese de que "golpe bom é aquele em que todos, inclusive o lesado, levam exatamente o que desejam".

Como se pode perceber, "The Brothers Bloom" é uma alegoria -- joyceana, os nomes dos personagens fazem referência direta a "Ulysses" -- sobre a arte de elaborar uma farsa perfeita, e deixar todo mundo satisfeito, a começar pelas platéias dos cinemas. Extremamente rápido e perigosamente leve, o filme se sustenta na habilidade do roteirista e diretor Rian Johnson em trafegar por diversos gêneros cinematográficos diferentes, sem permitir que assuma qualquer um deles em momento algum. Ele dirige toda a cena em "The Brothers Bloom" como um ilusionista que engata um truque de cartas atrás do outro durante quase duas horas de filme. Tem gente que acha isso cansativo. Eu não. Confesso que adorei cada reviravolta que o filme proporcionou.

"The Brothers Bloom" é frenético e charmoso. A ação segue num ritmo tão acelerado que nem permite que questionemos suas (muitas) imperfeições. Sinal claro da maestria de Reynolds, craque da nova geração, muito influenciado (positivamente) por Wes Anderson, ainda que com apenas um filme realizado anteriormente em seu curriculum. Transparece claramente na tela o quanto os atores se divertiram ao participar das filmagens em locações belíssimas em Praga, São Petersburgo e Montenegro, o que, por si só, já deveria ser uma excelente recomendação.

Mas tem muito, muito mais em "The Brothers Bloom" para ser devidamente descoberto e apreciado. Experimentem.



THE BROTHERS BLOOM

Escrito e Dirigido por Rian Johnson
Diretor de Fotografia: Steven Yedlin
Edição: Gabriel Wrye
Música: Nathan Johnson
Desenho de Produção: Jim Clay
Produzido por Ram Bergman, James D. Stern e Wendy Japhet
Lançamento: Summit-Endgame-Paris Filmes
Duração: 113 minutos
Elenco: Rachel Weisz (Penelope), Adrien Brody (Bloom), Mark Ruffalo (Stephen), Rinko Kikuchi (Bang Bang), Maximilian Schell (Diamond Dog), Robbie Coltrane (Curador) e Ricky Jay (Narrador).

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